domingo, 21 de novembro de 2010

Carta a um tal de cancro

Olá,



Não me tenhas por mal criada por não te tratar pelo primeiro nome mas é que ele é tão feio que nem sei como te deixaram nascer... De certeza que a tua mãe era uma louca e o teu pai parvo, mas deixemo-nos de falar de ti, não mereces. Quero que saibas que quando apareceste na minha vida comecei a dar valor a coisas simples: a um sorriso, a uma gargalhada, a uma boa conversa, a MIM. Acho que apareceste numa altura em que te deu jeito mas para mim foi um má altura, foste um estorvo. Por ti tive que ficar num hospital, passar por um bloco operatório e tirar um pedaço de mim mas fico contente porque foste agarradinho a ele para o LIXO.

Como vês não és assim tão invencível, eu tinhas as minhas armas da cura mas também não te soubeste comportar como doença. Apareceste para me chatear e para me destruir, apenas um pouco de mim, porque dir-te-ia que o essencial ficou intacto: a minha VIDA. Apareceste para me chatear e agora eu escrevo-te para te dizer que consegui GANHAR. Esta batalha foi dura para mim, tive momentos em que gritei, tive outros que o simples grito não era mais que o extravazar de um sentimento já não presente... Apenas o fazia porque ao espelho me via diferente. Mas quem és tu para aparecer sem data marcada nem aviso prévio? Destruis-te tantas vidas, achavas que eras suficientemente forte para destruir a minha? Logo eu, que tenho a melhor família, os melhores amigos, a melhor profissão e um grande coração. Se por breves minutos achei que era o meu fim fizeram-me ver que afinal não seria bem assim. Aprendi a lutar, a viver ao segundo, a esquecer o passado e pensar no futuro. Se algum dia andares pela rua e te cruzares comigo não te acanhes de me dizer olá até porque te direi o que mais gostei de te dizer.... quando acordei: ADEUS! Por breves instantes causaste pânico em mim e principalmente àqueles que amo, e isso, desculpa, mas não te posso perdoar. Espero que entendas a partir de hoje a raiva com que falei de ti, mas só o fiz para ganhar as forças necessárias para te levar de vencido.

A ti que tentaste fechar a cortina antes da peça terminar... Pensa bem porque se olhares de novo para trás sabes qual vai ser o teu lugar... A única coisa que vais conseguir é incomodar porque sabes que no fim de tudo eu acabo SEMPRE por ganhar...


Francisco Azevedo

20 de Novembro 2010

Sem comentários: