Capítulo I
Apagou a luz do quarto e ficou com os olhos postos no tecto, a olhar o branco quase imaculado, do lado esquerdo a mesinha de cabeceira com o relógio oferecido pelo seu pai aquando da partida para Northfolk a algumas horas de Londres. Esqueceu por momentos o motivo que o levara a fazer a viagem e pouco ou nada sabia sobre o futuro, não sabia se voltaria à capital onde os meses de inverno se prolongam por mais uns meses que no resto do mundo. Lá fora, o céu relativamente estrelado fê-lo voltar à velha infância, no tempo em que percorria os campos despreocupados com Patrice, amiga do peito, primeira namorada a quem dera o primeiro beijo. Fizeram juras de amor hoje incompreendidas e causadoras de sorrisos parvos com os amigos aviadores da RAF... Permaneceu assim, acordado, ainda vestido com a camisa acastanhada, lá fora os cães ladravam quando ouviam sons esquisitos. Os barulhos diurnos não o incomodavam ainda que adormecesse sobressaltado com o que passara...
Pegou numa pena e num papel e começou a escrever para casa, em busca de conforto que não encontrara naquele quarto grande. Na mesa estava uma fotografia dele com o avô. Suspirou e disse baixinho:
- Fazes-me tanta falta...
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