quarta-feira, 9 de maio de 2012

Folha em branco, obrigado por tanto

A noite vai chegando e entrega-me sem pensar o seu sossego e silêncio. Os minutos vão passando e eu fico-me pela escrivaninha, quem sabe do lado de lá da noite me traga alguma tranquilidade e inspiração para divagar na folha que há muito está branca. O incenso faz-me libertar ainda mais o meu espírito que tende a desprender-se do meu corpo para me deixar escrever ou pensar alto, no papel. Abro a janela e sopra um ligeiro vento da serra, do outro lado da rua soam acordes de uma melodia que não consigo reconhecer. Deixo-me ficar a ouvir até o som se esvoaçar e as notas sonantes se perderem do outro lado da rua, bem perto do meu quarto. Os minutos vão passando e a folha vai mostrando algumas palavras que no momento saem mas por muito que queira não as consigo entender. Até há bem pouco tempo o silêncio e as histórias tristes faziam parte de mim, o quotidiano nada mais era que o realizar de tarefas árduas e desinteressantes mas tudo mudou num segundo. Hoje, quando acordo sinto a felicidade inundar-me o espírito, e é com ele que parto para o mundo com vontade de o conquistar. Não é que tenha pertenções de mudar o mundo na sua totalidade, mas há muito que quis fazer parte da sua realidade. O mundo esteve fechado para mim mas sinto finalmente que abriu uma janela, bem lá no cimo, no sótão. Guardei todas as minhas forças acumuladas ao longo de um ano e tal e sorri quando a alcancei. Era tão importante partilhar este momento que não sei se o fiz da melhor forma mas fica a certeza que o fiz de coração aberto. O tempo vai passando e a noite traz-me conselhos que me fazem acreditar que estou no caminho certo. Sei que a viagem ainda agora começou mas as pegadas que aparecem desenhadas a meu lado fazem-me perceber que estou bem acompanhado. O som das melodias fazem-me entrar noutra dimensão e perceber um pouco mais do meu coração. Há dias em que a felicidade não é mais do que um vocabulário num dicionário estudado por todos mas apenas uns conseguem perceber o seu significado. Vou desfolhando este dicionário que agora possuo e descubro palavras que até há bem pouco tempo não existiam ou não eram visíveis a olho nu: amizade, abraço, beijo, bondade, carinho, cumplicidade, interacção, verdade... São tantas as palavras que me aparecem no dicionário, vou estudar um pouco melhor e perceber se elas entraram na minha vida ou fui apenas eu o estafeta que entregou tudo isso e algo mais. As horas vão passando e eu, acumulo a experiência que um dia achei inatingível a alguém como eu, limitava-me a aceitar tudo o que os outros queriam para mim e não respondia porque achava ser um acto de má educação. Até há bem pouco tempo a realidade não era mais do que o estar acordado e vivo, mas vivo para quê? Para quem? Alguém importante um dia disse-me: Por muito que procures, a felicidade vai- se esconder até ao dia em que estiveres preparado para lhe dar o devido valor. Não procures a felicidade, vive! Essa tal de felicidade encontrei em amigos que fiz, em amigos que deixaram a sua marca em mim... ensinaram-me que a felicidade está num simples olhar e num sincero Obrigado. Muitos desses amigos estão aqui, outros infelizmente partiram. A caneta está a chegar ao fim, mas ainda tenho força para deixar escrito no céu de cada um de vós: - Obrigado por tanto! Obrigado do fundo do coração! Francisco Milheiro (Retirado dos "escombros" do disco externo)

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