quarta-feira, 2 de maio de 2012

Miles Davis numa rua da Baixa

12/03/2012
A tarde solarenga convida a um passeio no intervalo de almoço e contemplar lugares que a cidade tem para oferecer. Encosto-me a uma esquina da avenida, apanho um bom sol e oiço um trompete parecido ao de Miles Davis. Encostado, sentado no tronco de uma árvore entoa temas ao estilo jazístico de Nova Orleães. Fechando os olhos ouve-se Woody Allen com o seu quinteto. Uma coluna gasta pelo uso serve de suporte, uns passam com pressa sem repararem, outros põem a mão no bolso e deixam uma moeda, por mais pequena que seja. O homem, concentrado na respiração sorri com o olhar numa espécie de obrigado misericordioso. Juntam-se alguns curiosos estrangeiros e assistem maravilhados aos sons que saem do trompete dourado gasto. Os Clérigos imponentes ao longe fazem-me viajar até lá e contemplar os sons que evocam Miles, Chet e companhia. O homem com a pele escura fruto de dias a trabalhar ao sol guarda o instrumento, olha o amontado de moedas e sorri naturalmente. Vai rua acima reconfortado porque muitos compreenderam os seus medos e sonhos expressos em notas que ecoavam na praça. Francisco Milheiro @ Baixa do Porto

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