segunda-feira, 30 de junho de 2008

Metamorfose

Para a minha alma eu queria uma torre como esta,
assim alta,
assim de névoa acompanhando o rio.

Estou tão longe da margem que as pessoas passam
e as luzes se reflectem na água.

E, contudo, a margem não pertence ao rio
nem o rio está em mim como a torre estaria
se eu a soubesse ter...
uma luz desce o rio
gente passa e não sabe

Que eu quero uma torre tão alta que as aves não passem
As nuvens não passem
Tão alta, tão alta

Que a solidão possa tornar-se Humana!


Poema de Jorge de Sena
no livro: "Oporto" de João Paulo

A cidade de Garret

"...O Porto é a mais fechada das nossas cidades (daí parecer tão secreta), e eu nunca procurei ganhar a sua confiança - sou um homem do sul, quando a conheci já pertencia a outras luzes, a outras sombras. Vivendo nela como se nela não vivesse, da sua alma sabia apenas o que me chegava na fala dos outros: a rudeza masculina, tão franca que roçava pela brutalidade; a muralha de má catadura, a defendê-la de abusos do poder e de ladrões...".

"... A solidez das suas convicções políticas, forjadas ao longo dos séculos, a pulsação febril e pagã das suas festas; a digestão sonolenta das tripas e do lombo assado regados a verde tinto; a desventrada vitalidade da sua população ribeirinha, onde o descaro da linguagem se mistura ao ruído dos socos - e muitas outras imagens, porque a cidade não é fácil de entendimento, nem amável aos primeiros contactos. Com o rodar dos dias a gente vai-se arrumando: descobre uma rua tranquila onde as árvores se tingem de cores orientais no outono; arranja um gato com olhos cor de miosótis a quem se dedica; ganha afeição a duas ou três pessoas com quem partilha o chá e as opiniões..."

"... Não sai à rua nas horas de ponta para não endoidecer; e acaba mesmo por por descobrir na cidade coisas que só o tempo devagarinho lhe pode trazer: uma intimidade recolhida e serena que os seus nevoeiros espessos frequentemente escondem; uma concentração no trabalho, que é outro dos nomes do amor; um orgulho refreado de se saber herdeira do espírito e das brumas românticas do Norte..."


In: "Oporto" - de João Paulo

A noite do Porto

Shakespeare podia ter vivido aqui. Podia
ter dançado na noite de S. João, quando o rio
transborda para as ruas nas correntes
humanas que as inundam. Podia ter escrito
nos invernos da ausência o que a noite
ensina sobre a privação.

Podia ter ensinado, à beira do cais
Que o tempo lascivo corre como a água
Levando o que não há-de voltar e trazendo
O que nunca terá nome nem corpo.

As almas, que empalidecem quando
o sol poente se reflecte nos vidros
cantam bruscamente o verão
Reflexo de um reflexo,
Frutos que se deixam colher pela memória

Seres sem ser que não hão-de-voltar a nascer
Mas o que ele cantou, podia tê-lo cantado aqui.
Todos os lugares são afinal, lugar nenhum
Para quem não habita senão a própria voz:
sonho de outro margem, cantor perdido no labirinto das pontes

Perto da foz, sem o saber, sonhando a nascente
Como se não fosse ele próprio a única fonte.


Poema de Nuno Júdice

In: "Oporto" - de João Paulo

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Aconteceu o que os realistas esperavam

Pois é, sem surpresa Portugal foi ontem eliminado pela Alemanha nos 1/4 de final do Euro 2008, por 3 - 2. Com dois erros da defesa e três fifias do guarda redes (que já nos habituou) Portugal ficou, segundo palavras do Presidente da Federação:

- Um honroso oitavo lugar. Estamos entre as melhores oito selecções da Europa.

Desde que Scolari, ou melhor dizendo, Socolari está em Portugal que as prestações da nossa selecção vem diminuindo. Começo pela presença na final do Euro 2004 (em Portugal) que tivemos a oportunidade de parar o país por mais de um dia e perdemos para a Grécia, com um golo de Karistheas. Depois, no Mundial de 2006 perdemos para o 3º e o 4º lugar com a Alemanha.

Seguidamente, fizemos uma campanha vergonhosa para o Euro 2008, passando à fase final com muitos empates e apenas 1 vitória. Por dizer a verdade, quase que perdíamos contra a Finlândia no Estádio do Dragão.

Agora, no Euro 2008 fizemos seis pontos (uma vitória contra a Turquia por 2-1 e uma vitória à República Checa por 3 - 1) oferecendo depois um verdadeiro chocolate suiço à equipa da casa, já eliminada por 2-0, mas com esta particularidade: com um onze de segunda linha. Ontem, dia 19 Portugal colocou em campo as estrelas Ronaldo, Nuno Gomes, Petit... e perdeu por 3-2 contra a Alemanha.

Agora, coloco a seguinte questão:

- E o BURRO sou eu?

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Porto dos meus pensamentos

Não podia ter escolhido melhor dia
Melhor momento para estar aqui
Olhar para o Porto
E pensar em ti

Por coincidência ou não
Na rádio soam os primeiros acordes
De um "Porto Sentido" que expressa
O sentimento genuíno deste muy nobre povo

Fecho os olhos e viajo
Começando na Ribeira
Subindo aos Aliados
Não esquecendo a estação

O cenário é paradisíaco
O rio, as duas pontes que consigo vislumbrar
O velho e castiço bairro
E o edifício de "Ferreira Borges"

Gostaria de escrever algo de jeito
Mas o cenário é demasiado perfeito
Para ser explicado em papel
Para transcrever em palavras

Só sou feliz quando estou no Porto
Aqui sinto-me em casa
Sou sempre bem recebido
Onde sou e serei bem-vindo

O Porto tem este encanto
Que por palavras é impossível de explicar
Esta é a cidade que eu amo
É esta que para sempre vou amar


F.Az
27-03-2008

domingo, 8 de junho de 2008

Sempre lá... Contigo Porto

"... Podem acreditar: de cada vez que eu fechar os olhos é lá que vou estar. No dia em que me apagar é sobre ela que vou voar... Sinto que cada dia que lá vou a conheço melhor. Conheço-a de maneira diferente. Faz-me sentir bem... Cada vez que eu fecho os olhos imagino a Velha Praça, a velha Sé, o velho Casario com o ar triste e sombrio. Cada vez que a visito algo de bom sinto. Cada vez mais amo o Porto. Amo o cheiro que sinto quando estou no Porto. Amo o Porto, de cada vez que lá vou sinto-me em casa. Sou bem recebido, é lá que me sinto feliz.


No dia em que me apagar, é por ti que vou chorar! Pelos passeios que já não posso dar, pelas ruas apinhadas de gente simpática e acolhedora. Pelos gritos da multidão que já não poderei ouvir. Cada vez que fecho os olhos, imagino-me lá. Agora, passo despreocupado e viajo para outras paragens. Mas quando o avião aterra sinto um conforto porque sei que: Cheguei ao Porto. Não interessa como cheguei, não interessa as filas intermináveis de trânsito que vou enfrentar. De tudo o que há lá de mau, existe em dobro o que há-de bom.

Amo o Porto! E isso chega para ser feliz!

Por momentos fecha os olhos, ouve a música e VIAJA!



Texto: de mim próprio

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Longe de ti

Será que este título vos faz lembrar alguma coisa? Pois é caros leitores, durante anos foram uma das melhores bandas em Portugal, e fazendo uma homenagem ao seu cantor, que já partiu, o Rui fica aqui a letra e a música para quem quiser fazer uma viagem ao passado. Sabe, por vezes, bem voltar aos tempos da escola secundária. Espero que gostem! Fico à espera de comentários. Beijos e abraços


"Longe de ti" - Impérios dos Sentados

Trocamos lágrimas e paixão
Como foi que te perdi?
Um momento de ilusão
Fiquei longe daqui

As noites em branco
O negro do dia
Desejo ardente
A cama fria

Longe de ti
Já não posso viver assim
O vazio que há em mim
Sinto k estou perto, do fim

A tristeza do olhar a dor
dentro de mima vontade de chorar
ninguém sofre assim

refrão: longe d ti
Já não posso viver assim
O vazio que há em mim
sinto que estou perto, do fim

longe de ti, longe de ti....


quinta-feira, 5 de junho de 2008

Letra que faz pensar e chorar

"Mentira" de João Pedro Pais

Dá-me vontade de te ter a meu lado
Vendo-te olhar para mim
Sei que estou apaixonado
Mas não posso ficar assim

Deitado num rochedo canto pra ti
Como um pássaro livre que voa sem fim
Porque é que a vida nos trama
Quando alguém se ama?

Ter de partir e não poder sorrir
Porque é que choras?
Porque é que dizes o meu nome
Sem nunca me poderes tocar

Tenho saudades de te ver
Vontade de te abraçar
Sozinho tocando uma guitarra
Junto ao mar

Recordo-me de ti
Não sei porquê
A tua cara a flutuar

Porque é que a vida nos fascina?
Tantas vezes nos domina
Acreditar que no amor não se sente dor
Mas é mentira, mentira, mentira, mentira

Mentira, ah!

Tenho saudades de te ver
Tenho saudades de te abraçar
Tocando uma guitarra
Junto ao mar

Recordo-me de ti
Imagino porquê
A tua cara a flutuar


Porque é que a vida nos fascina?
Tantas vezes nos domina
Acreditar que no amor não se sente dor
Mas é mentira, mentira, mentira...

terça-feira, 3 de junho de 2008

Ao longe Porto

Hoje sinto-me capaz de tudo
De voar, de experimentar, de espairecer
Hoje sinto que estou diferente
Sinto-me mais eu

Hoje vejo tudo com clareza
Vejo Gaia, vejo o Porto
Do outro lado a Serra
Deixo-me ficar por minutos...

Por minutos fico a pensar
A pensar em mim, na minha família
Nos meus amigos
Em todos aqueles que gostam de mim

Estou de facto mudado
Não sei se por um dia
Se por momentos
Se para sempre

Aqui sinto-me bem
Experimento a liberdade
Nem que seja por minutos
Por breves instantes

Refugio-me por momentos
Nas palavras,
Nos pensamentos
Nas minhas ruminações

Vislumbro o Porto
De um local priveligiado
Como se hoje tivesse acordado
Com asas de pássaro

De um falcão
De uma águia
De uma cegonha
Ou uma rola

Fecho os olhos e viajo
Através do pensamento para o Porto
Para as suas praças
Para o meio da confusão

Sabe bem por minutos
Fugir da realidade
Dos desgostos, dos problemas
Das complicações

Soube bem por minutos
Olhar o Porto de outra perspectiva
Soube bem por momentos...
Apenas e só

Porque estou sozinho
Apenas eu e os meus pensamentos
Os meus desejos
Os meus projectos

Abro os olhos,
Estou de regresso
Ao mundo que me acolheu
É esta a triste realidade...


F.Az
3-06-2008
VNG



segunda-feira, 2 de junho de 2008

Cultura no Porto: que futuro?

Recentemente, li num jornal económico que um dos piores pagadores em Portugal é o próprio Estado. Assim de repente não existe novidade. Mas o que vocês, possivelmente não sabem é que o Ministério que demora mais tempo a pagar é o da Cultura. E agora perguntam vocês: quantos dias demoram eles a pagar?

A resposta arrepia: 1380 dias. Mais de 3 anos sem receber, por parte das Companhias de Bailado, de Teatro, etc. Fui neste mês de Maio assistir ao High School Musical em Vila Nova de Gaia, um título criado pela Disney. Adorei o espectáculo. Estiveram dois meses em lisboa e dois meses no Norte. Conheci algumas das actrizes e actores, foram todos simpáticos. Existe desde há muito uma qualidade ligada ao público do Porto: a fidelidade, a aderência aos espectáculos. Mas agora eu pergunto: como é que as companhias sobrevivem três anos sem receber um Tusto do Estado?

É caso para dizer: se não pagares levas uma multa, se não te pagarem levas com os encargos dos Outros. Assim é difícil...

Até ao próximo post! Um abraço