terça-feira, 13 de maio de 2008

Camas para sem abrigo

Segundo notícia de um jornal de distribuição gratuita na cidade do Porto, os hospitais portugueses têm um número total de 2400 camas, tendo em conta Urgências, SO´s e Internamento, mas um estudo realizado por uma organização ligada à UE diz o seguinte:

- Segundo padrões Europeus, Portugal deveria ter entre 15 a 16 mil camas hospitalares, mas só tem 2400.

Após ter saído esta notícia o Sr. Secretário de Estado da Saúde veio afirmar com poupa e circunstância que Portugal vai poder duplicar até ao final do ano, ou seja, cerca de 5000 camas. Mas agora pergunto: e os médicos? E os enfermeiros? Também vão aumentar nos hospitais ou é só o trabalho? E vamos buscar às Universidades Portuguesas ou preferem ir a Espanha, por terem "melhores" currículos?

Nesta notícia podemos ler que a maior parte das camas dos hospitais estão ocupadas por sem abrigos e por pessoas de muita idade que querem conversar para ultrapassar, ou tentar ultrapassar momentos de solidão e angústia. As salas de espera são aterradoras, as entradas dos S.U são de fugir: para além de não sabermos o que se passa lá dentro somos abordados por drogados a pedirem uma moeda com um papel manhoso a dizer que têm uma doença toda esquisita, que só apetece mandar-lhes um pontapé naquele sítio. Existem, eu sei, sem abrigos que perderam tudo de um momento para o outro. Como é o caso de um arrumador na zona do Hospital de Stº António, que por um ano não foi juíz. É verdade, é licenciado em Direito pela Universidade do Porto, só que teve umas dívidas e ficou sem nada e começou a traficar droga para ganhar o chamado "dinheiro fácil".

É também deprimente ser voluntário numa unidade hospitalar, e na altura do Natal e festas religiosas familiares dizerem a médicos e auxiliares e directores de serviço:

- Deixem a minha mãe internada. Que eu depois venho cá buscá-la depois do Natal...

É triste, não é?
Ainda há tempos vi uma reportagem num canal de TV português em que falava sobre os jovens licenciados nas diversas áreas, e apareceu uma miúda do Porto com mais duas amigas recém-licenciadas em enfermagem com médias altíssimas. Foram a entrevistas e os gestores de recursos humanos de Hospitais públicos e clínicas privadas diziam:

- Nós queremos pessoal, mas o Governo não nos concedem verbas!
...
...
Mas são capazes de ir a Espanha buscar espanhóis com contratos milionários. Acho que a solução não passa por aí, mas também como não sou eu que mando vou engolindo em seco. Paciência...

Até ao próximo artigo!

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