terça-feira, 20 de maio de 2008

Às vezes sinto

Às vezes sinto que não pertenço a este mundo
Das vezes que me falam sobre o amor
Sobre apaixonar, amar...
Ter filhos

Respondo, como pessoa educada que sou
Com um sorriso, um pouco amarelo
Acreditem, que por vezes sinto-me deslocado
Sinto-me farto, cansado das mesmas perguntas

- E a tua namorada? Quando é que nos apresentas?
- Quando é que apanhas uma bebedeira?
- Para quando está marcado o casamento?
É isto que eu ouço diariamente

É isto que me faz estar triste
É isto que me faz ficar afastado
De tudo aquilo que é normal na juventude
As noitadas, os copos, as miúdas

Tantas vezes me chateio
Mas tantas que já não sei
Tantas pessoas duvidam
Que eu já sofri porque, um dia amei

Chateia-me responder às mesmas perguntas
Feitas exactamente pelas mesmas pessoas
Mas é assim, tenho que me sujeitar
E no dia em que namorar apresento às pessoas

Apesar de a maior parte não merecer
Não vou pensar muito nisso
Agora quero trabalhar, estudar
Compor, e conhecer...

Conhecer o mundo
Conhecer pessoas
Conhecer novas culturas
Acima de tudo conhecer-me

Falam-me que com a minha idade
Já devia estar casado
Desde quando é que é obrigatório?
Ainda no outro dia me chateei por isso

Não é por aí que vão conseguir
Juntar-me a alguém
No dia em que for
Vou contar ao meu pai e à minha mãe

No dia em que for obrigatório casar
Conheço uma miúda
Amo-a por um dia, por uma noite
Talvez para sempre

Quando for obrigatório
Conheço uma miúda
Caso-me, apresento-a
Talvez nesse dia deixem de me chatear


Francisco Az.
19-05-2008

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