segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A mais alta solidão...

"... Enquanto estive no hospital recebi visitas, correspondência, homenagens, entrevistas - tanta coisa que as enfermeiras até brincavam comigo. A senhora das relações públicas dizia que o director do hospital estava zangado pois eu recebia mais correspondência que ele... Estava a brincar, é claro!...

"... Mas a verdade é que recebi muita correspondência e isso fez-me bem à alma. Chegaram cartas de pessoas que não conhecia, apenas com o meu nome, a indicação "alpinista português" e com a morada "Hospital de Zaragoza, Espanha." As pessoas até ignoravam que havia pelo menos três grandes hospitais nesta cidade... Mas o importante é que essas cartas chegaram! Houve muita gente que foi de propósito ver-me, como se Saragoça fosse já ali ao lado. Mas não fui só acarinhado por gente de Portugal. Também os médicos e enfermeiros espanhóis me ajudaram muito, naqueles momentos difíceis da minha vida..."

"... Deixei o hospital 92 dias mais tarde, depois de sofrer amputações das pontas dos dedos e do nariz. Quando entrei ali, já sabia tudo o que tinha perdido para sempre, no Evereste. Mas também já sabia que, pelo menos, para mim a vida continua. Ainda há muitas montanhas para subir. Só mudaram as regras, o jogo continua a ser o mesmo..."


Ninguém consegue ficar indiferente a este final, o final quase feliz do João Garcia, grande referência mundial no que toca a escalar as montanhas mais difíceis do Mundo. Esteve fora uns tempos, agora regressou com vontade para escalar o resto das montanhas com mais de 8 000 metros, sem assistência.

Felicidades, João!

Sem comentários: